O encerramento de consulados em França abriu uma «guerra» no seio do PS. Em comunicado enviado à nossa redacção, a Secção do PS de Paris Oeste acusa o se-cretário de Estado das Comunida-des, António Braga, de “desprezar” os emigrantes portugueses e considera que este foi prepotente no modo como tratou do processo da reestruturação consular.
Os socialistas de Paris consi-deram, no seu comunicado, que António Braga “desprezou completamente o parecer das estruturas portuguesas em França e (que) não teve em consideração as verdadeiras necessidades dos portugueses residentes em território francês, retirando-lhes um dos seus direitos, que é a possibilidade de tratar dos seus documentos com o mínimo de transtornos pessoais ou de trabalho”.
A Secção do PS de Paris afirma ainda que não se vai “conformar com atitudes de prepotência da parte do secretário de Estado”, que faltou “aos mais elementares princípios democráticos, encerrando os consulados sem qualquer concertação com os portugueses residentes em França”.
Fonte do gabinete de António Braga informou que o governante não comenta as alegações. No en-tanto, Paulo Pisco, director do Departamento Internacional e de Comunidades do PS, respondeu a es-tas acusações através de um comunicado enviado à agência Lusa, no qual classificou as declarações dos socialistas de Paris de “infun-dadas e sem sentido”. “Ao contrário do que pretende fazer querer, a Secção de Paris Oeste é pouco re-presentativa, designadamente por-que não se conhecem iniciativas nenhumas em defesa da nossa co-munidade, despertando apenas de vez em quando com um ou outro comunicado que tem sempre o mesmo propósito, tanto agora co-mo no passado: atingir o PS e os governos socialistas”, ripostou Paulo Pisco.
Na sua resposta ao comunicado da Secção do PS de Paris Oeste, Paulo Pisco reafirmou ainda ser necessária “uma reforma das estruturas consulares” para “as modernizar e adaptar às necessidades, na certeza (de) que tanto os interesses dos utentes como dos funcionários têm sido acautelados na transferência de competências dos Consulados de Orleans e Tours para o novo Consulado Geral de Paris”.
A Secção do PS de Paris Oeste, no seu comunicado, critica também a atitude do Departamento das Co-munidades do Partido Socialista no processo da reestruturação consular, acusadando este de se ter “limitado a apoiar os encerramentos sem procurar defender os interes-ses da comunidade”. “Consideramos que este erro político terá um preço elevado aquando das próximas eleições legislativas, pois os nossos compatriotas não se sentem minimamente defendidos por aqueles que foram eleitos para o efeito”, refere o comunicado.
No passado dia 18 de Janeiro encerraram os consulados em Tours e Orleans, que vão ser subs-tituídos por consulados honorários com poderes para praticar actos consulares, embora se desconhe-ça, para já, quais os documentos que estes vão poder emitir.