A operação para capturar dois tigres que hoje fugiram de uma carrinha do circo Chen na zona da Azambuja terminou cerca de cinco horas depois de ter começado com a retirada de um dos animais sedado do local onde acabou encurralado.
O animal foi retirado do local onde desde o início da manhã estava encurralado por elementos do circo Chen dentro de uma jaula coberta por um pano preto depois de ter sido sedado, disse aos jornalistas o major Jorge Amado do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA)da GNR.
Os dois tigres fugiram cerca das 06:30 da manhã de hoje de uma carrinha do circo Chen, que se encontrava avariada na Estrada Nacional 3, na zona da Azambuja, tendo um dos animais sido capturado perto das 08:00.
O outro, que na fuga se feriu em arame farpado, ficou encurralado em local inacessível, tendo sido necessário sedá-lo para o poder retirar.
De acordo com o major Jorge Amado, foi necessário fazer dois disparos – um numa pata dianteira e outro na anca – para conseguir adormecer o animal que tinha ferimentos ligeiros e estava muito «stressado».
O responsável do SEPNA justificou a demora para capturar o segundo tigre com a necessidade de «fazer as coisas com calma» quando se trata deste tipo de animais.
Explicou que a arma utilizada era da equipa do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) e o tranquilizante foi cedido pelo Jardim Zoológico de Lisboa, mostrando-se satisfeito por não ter sido necessário abater o animal.
«As coisas correram bem porque se tivesse vindo para a estrada teria que ser abatido», disse.
O major Jorge Amado esclareceu que os disparos foram efectuados por um elemento da equipa do SEPNA, contrariando informação anteriormente avançada à agência Lusa pelo vereador da Protecção Civil da Câmara da Azambuja, que afirmou ter sido um funcionário da autarquia o autor dos disparos.
O responsável do SEPNA considerou ainda não ser muito normal «ficarem abandonados animais deste tipo», reafirmando que a situação vai ser averiguada.
O dono do circo Chen, Miguel Chen, disse à Lusa que os dois tigres fugiram porque a jaula foi aberta por alguém que «sabia que os animais estavam lá dentro».
Miguel Chen explicou que o carro avariou na noite de terça-feira e foi rebocado, mas a jaula com os tigres teve de ficar no local.
Segundo Miguel Chen, a pessoa que ficou a guardar os animais foi hoje de madrugada ao Cartaxo buscar água para lhes dar e quando regressou as portas estavam abertas.
Acrescentou que na jaula havia seis tigres, mas que apenas dois escaparam.
Para o major Jorge Amado, o circo devia ter duas pessoas no transporte dos animais para que não ficassem sozinhos e ter tranquilizantes para usar na sua captura, contudo ressalvou que a existência de sedativos não é obrigatória por lei.
Adiantou que a legislação nesta matéria será revista em breve e mostrou-se esperançado que venha a prever a obrigatoriedade da existência de tranquilizantes para os proprietários destes animais.
A operação de captura dos dois tigres envolveu 20 militares do destacamento da GNR de Alenquer, cinco elementos do SEPNA, três da Equipa de Protecção e Florestas, oito viaturas da GNR, para além de cerca de uma dezena de membros do circo Chen e quatro elementos da Protecção Civil da Azambuja.