A decisão da organização do rali todo-o-terreno Lisboa-Dacar2008 de anular a prova vai ter grandes implicações financeiras, com perdas consideráveis, mas ainda não quantificadas para Portugal, que acolhia a partida pelo terceiro ano consecutivo.
Às 12:00, a Amaury Sports Organisation (ASO), organizador francês do rali, tomou posição sobre a segurança da passagem da caravana na Mauritânia, onde quatro franceses foram assassinados no dia 24 de Dezembro, e comunicou a inédito decisão de anular a prova, em 30 anos de existência.
Entre as perdas financeiras, o governo português surge em destaque, ao não receber retorno dos três milhões de euros que investiu este ano, a mesma verba gasta nos anos anteriores (2006 e 2007), mas autarquias, organizadores, patrocinadores e equipas também verão os seus investimentos postos em causa.
O executivo socialista tem contribuído todos os anos com essa verba para a realização do Dacar, investimento que o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, sempre considerou como vantajoso para o país, devido à promoção da imagem de Portugal e aos benefícios, directos e indirectos, para a economia nacional.
A organização portuguesa, a cargo da Lagos Sports, também terá prejuízo, embora ainda não o tenha quantificado. "A única coisa que sei é que o prejuízo é muito duro. Já estão a ser feitas contas no escritório", admitiu João Lagos, na conferência de imprensa realizada após o anúncio da anulação, justificada pelas tensões políticas internacionais, as vítimas francesas na Mauritânia e a ameaça terrorista islâmica.
As Câmaras municipais de Lisboa e Portimão, concelhos que deviam receber a primeira e segunda etapas do Dacar, são também afectadas.
A Câmara de Portimão investiu 1,5 milhões de euros para ter sábado a chegada da caravana do Dacar, no final da primeira etapa, e a largada para a segunda tirada, domingo, e o seu presidente já indicou que vai pedir à organização o retorno do investimento.
Segundo Manuel da Luz, os "juristas da autarquia estão a estudar as contratualizações que foram feitas para que seja exigida à organização o retorno do investimento que a autarquia fez para receber a prova em Portimão".
O autarca disse à Agência Lusa que já foram investidos 90 por cento de 1,5 milhões de euros, estando os restantes 10 por cento destinados a alojamento e outras questões logísticas para o fim-de-semana.
O mesmo se aplica à Câmara de Lisboa, que também fez o investimento para acolher, pela terceira vez consecutiva, a maior prova de todo-o-terreno do Mundo, mas o presidente da autarquia, António Costa, não precisou o montante envolvido, na conferência de imprensa que o juntou a João Lagos e a Pedro Silva Pereira.
Juntamente com as duas principais autarquias, há ainda que contar com os investimentos feitos pela organização e outras autarquias (Benavente, Samora Correia e Alcochete) na montagem das Zonas Espectáculo e no transporte que iria ser disponibilizado gratuitamente para levar os espectadores até elas.
Depois, surgem patrocinadores e equipas, que fizeram avultados investimentos e agora não terão o retorno desejado.
Anulação do Dacar causa prejuízo ainda por quantificar a Portugal
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