Aldeias desertas de Trás-os-Montes podem dinamizar turismo

Data:

Algumas aldeias transmontanas desertificadas reúnem condições para dinamizar um novo conceito turístico, capaz de impedir que se transformem em meros vestígios arqueológicos. A ideia é defendida pelo arqueólogo Luís Pereira.
A região transmontana contabiliza alguns casos de aldeias completamente despovoadas, sendo Benrezes, no concelho de Macedo de Cavaleiros, um dos exemplos mais emblemáticos. Esta aldeia “fantasma”, a meia dúzia de quilómetros da cidade de Macedo de Cavaleiros, está completamente abandonada e em ruínas. A sua história é feita de lendas de maldições que terão dizimado a população, mas a versão mais plausível para este abandono terá sido uma epidemia. Essa é, pelo menos, a opinião do arqueólogo Luís Pereira, da extensão de Trás-os-Montes do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. A maior parte da população terá sido afectada e aqueles que escaparam fugiram da aldeia para a vizinha povoação de Vale da Porca. Para trás, as pessoas deixaram, há já várias décadas, as casas e os equipamentos colectivos, agora em ruínas.

O arqueólogo qualifica Benrezes como “uma jóia”, acreditando que das ruínas das casas e ruas em pedra poderia erguer-se um novo conceito turístico na região, que já é aplicado em outros países. Os adeptos da natureza no seu estado mais puro teriam aqui a oportunidade de desfrutar de um cenário bucólico, onde não se avista sequer um poste de electricidade. Os campos em volta estão lavrados e, de vez em quando, é possível avistar um rebanho por entre os tons da natureza, junto ao rio Azibo.

É numa das margens do rio que se encontra o mais importante e vistoso núcleo da aldeia, com um moinho em pedra “altamente sofisticado para a época”, dispondo de três mós a trabalhar em simultâneo, num processo totalmente tradicional. Os balcões típicos das aldeias transmontanas, com as escadas de acesso à porta principal, ou as tradicionais manjedouras para os animais no andar inferior das casas são algumas das características presentes.

Com a revitalização da aldeia, esta ambiência campestre podia ser aproveitada para fins turísticos, na opinião do arqueólogo Luís Pereira. Para este técnico, outras aldeias podiam dar origem a projectos idênticos, com outras temáticas ou com a recriação de épocas históricas relevantes na região.

Sobre este assunto, Júlio Meirinhos, o presidente da Comissão Regional de Turismo do Nordeste Transmontano, disse: “avancem com projectos e o Turismo apoiará”. Na sua opinião, não compete à instituição que dirige tomar a iniciativa, mas sim estar disponível para ser parceira e apoiar e encaminhar eventuais projectos para candidaturas adequadas.

Esta opinião é partilhada pela autarquia de Macedo de Cavaleiros, apesar de fonte da Câmara ter reconhecido que “é muito difícil avançar com qualquer projecto”. Em-bora abandonados, os terrenos e as ruínas de Benrezes são propriedade privada parti-lhada por vários herdeiros, o que dificulta um eventual processo de negociação.

De qualquer forma, o arqueólogo Luís Pereira não encara a situação actual como “preocupante” e até acredita que, para além de poder receber os projectos turísticos que defende, a região transmontana tem condi-ções naturais para inverter a situação. Francisco Cepeda, investigador e professor catedrático de Bragança, diz mesmo que “há já uma aproximação das populações para as zonas com estas características: sem poluição ambiental, sem stress”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Share post:

Popular

Nóticias Relacionads
RELACIONADAS

Compal lança nova gama Vital Bom Dia!

Disponível em três sabores: Frutos Vermelhos Aveia e Canela, Frutos Tropicais Chia e Alfarroba e Frutos Amarelos Chia e Curcuma estão disponíveis nos formatos Tetra Pak 1L, Tetra Pak 0,33L e ainda no formato garrafa de vidro 0,20L.

Super Bock lança edição limitada que celebra as relações de amizade mais autênticas

São dez rótulos numa edição limitada da Super Bock no âmbito da campanha “Para amigos amigos, uma cerveja cerveja”

Exportações de vinhos para Angola crescem 20% desde o início do ano

As exportações de vinho para Angola cresceram 20% entre janeiro e abril deste ano, revelou o presidente da ViniPortugal, mostrando-se otimista quanto à recuperação neste mercado, face à melhoria da economia.

Área de arroz recua 5% e produção de batata, cereais, cereja e pêssego cai 10% a 15%

A área de arroz deverá diminuir 5% este ano face ao anterior, enquanto a área de batata e a produtividade dos cereais de outono-inverno, da cereja e do pêssego deverão recuar 10% a 15%, informou o INE.