O projecto “Pecados do Alto Tâmega”, promovido pela Associação de Municípios daquela região, procura dinamizar a agricultura, promover o turismo e ajudar a fixar a população nos seis municípios que integram a Associação.
A vitela, o cabrito, o fumeiro, o presunto, o folar, a castanha e o pastel são alguns dos “Pecados do Alto Tâmega”, um projecto que visa a dinamização da agricultura, a promoção do turismo e a fixação da população nos seis municípios daquela região. A iniciativa partiu da Associação dos Municípios do Alto Tâmega (AMAT) – que junta os conce-lhos de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar – e conta com um investimento de 210 mil euros.
O presidente da AMAT e da Câmara de Vila Pouca de Agui-ar, Domingos Dias, disse que o projecto é um convite ao “pecado” e, ao mesmo tempo, um apoio ao desenvolvimento dos sectores agrícola, pecuário e tu-rístico da região. “Ligámos o pe-cado à gastronomia, àquilo que tão bem nos sabe, e são precisamente os produtos ligados à gastronomia que maioritariamente estão na base deste projecto”, explicou.
Em cada concelho foram escolhidos os produtos mais “tradicionais” e “emblemáticos” e foram realizadas feiras ou mercados com o objectivo de os promover. A vitela do Barroso, o fu-meiro de Montalegre e Boticas, o presunto e o pastel de Chaves, o folar de Valpaços, o cabrito e a castanha de Vila Pouca de Aguiar e o linho de Ribeira de Pena são alguns dos designados “Pecados do Alto Tâmega”.
A maior parte dos “pecados” é certificada ou tem o respectivo processo de certificação a decor-rer. “Apostamos essencialmente na qualidade, porque só assim conseguimos vender os nossos produtos”, frisou.
A AMAT realizou em Chaves uma sessão de divulgação dos resultados deste projecto e, de acordo com Domingos Dias, o balanço “é muito positivo”. “Ao promovermos os produtos, estamos também a estimular os pro-dutores a produzirem mais, com mais qualidade, e a criar condi-ções para que surjam mais oportunidades de negócio”, salientou. O grande objectivo é, segundo o autarca, criar “condições que le-vem à fixação da população” na região do Alto Tâmega, que conta actualmente com cerca de 104 mil habitantes dispersos por 158 freguesias e três mil quilómetros quadrados.
Os pecados
Em Montalegre, o projecto in-cidiu na promoção e no apoio à realização da Feira do Fumeiro e do Presunto, que normalmente decorre em Janeiro. O presidente daquela autarquia, Fernando Ro-drigues, diz que são 120 os pro-dutores organizados e que possuem a sua actividade legalizada, existindo no concelho 20 co-zinhas que cumprem todas as regras exigidas para a produção de fumeiro. “Temos ainda mais 20 projectos para novas cozi-nhas em condições de serem apresentados”, salientou.
Em Valpaços, o tradicional folar transformou-se num produto “lucrativo” para as padarias lo-cais. “Temos cerca de uma dúzia de padarias que fazem o folar regularmente e já há casas em Lisboa, Porto, Coimbra e Braga a venderem, durante todo o ano, o folar de Valpaços”, afirmou o presidente da Câmara local, Francisco Tavares.
Durante a Feira dos Saberes e Sabores de Chaves foram vendidas “11 mil unidades” de pas-téis de Chaves, uma iguaria específica deste concelho. O autarca local, João Baptista, disse que o pastel de Chaves está em processo de certificação e que, juntamente com o presunto ou os enchidos, integra o plano de combate à desertificação rural. “Estamos a aproveitar para legalizar a venda destes produtos, encon-trando-se já licenciadas duas cozinhas e mais nove projectos em condições de arrancar”, frisou.
A grande aposta de Boticas vai para a carne barrosã e para o fumeiro, iguarias que estive-ram em destaque no Festival de Gastronomia e Produtos de Montanha. “Este evento (será) um precioso contributo para o desenvolvimento dos produtos das regiões de montanha, de quali-dade reconhecida, potenciando a sua produção tradicional, preservando as suas características ge-nuínas e mantendo a sua autenticidade”, referiu o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Campos.
Em Ribeira de Pena são cerca de uma centena as pessoas que se dedicam à produção do li-nho, algumas das quais estão associadas nas duas cooperativas existentes no concelho. “A Câmara tem apostado muito na revitali-zação desta actividade, sendo a Feira do Linho um exemplo da promoção deste produto”, afirmou o autarca local, Agostinho Pinto.
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