Venezuela: Português Daniel Barreto foi libertado

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A notícia da libertação do comerciante português que tinha sido raptado em Agosto na Venezuela chegou às três da madrugada aos familiares de Ponte de Lima, tendo alguns, num primeiro momento, pensado que estavam apenas a sonhar. "Depois de tanto tempo à espera dessa notícia, recebê-la por telefone, às três da madrugada, fez com que, num primeiro momento, pensasse que era um sonho. Mas afinal é mesmo verdade. Nem imagina o nosso alívio", disse à Lusa José Cardoso Barreto, primo do raptado.
Os raptores libertaram o comerciante português David Barreto Alcedo, de 37 anos, sequestrado desde 12 de Agosto no Estado venezuelano de Táchira, confirmou à agência Lusa uma fonte próxima da família, que se recusou a avançar com quaisquer pormenores.
"Ele chegou a casa pelas 20:45 de ontem (01:45 de hoje em Lisboa). Chegou bem, tendo em conta a situação, um tanto abalado, mas feliz por regressar com a família", disse.
A mesma fonte recusou-se a confirmar ou desmentir se foi feito o pagamento de qualquer resgate.
"Foi o pai do David que telefonou para a família em Portugal, a dar a notícia. Disse apenas que o filho já estava em casa e que tinha chegado bem. E que em breve viria a Portugal, quem sabe para preparar as coisas para voltar de vez", disse ainda José Cardoso Barreto.
Este familiar recordou à Lusa que David Alcedo, industrial do ramo da panificação "já tinha tido vários avisos".
 Por isso, "andava com ideias" de se estabelecer em Portugal, em nome da segurança e da tranquilidade, que não conseguia naquele país.
"Andavam sempre atrás dele, certamente por saberem que é uma família de posses", disse José Cardoso Barreto, sublinhando que o último "aviso" aconteceu há cerca de um ano, quando um grupo de indivíduos "lhe entrou em casa e levou tudo o que quis", entre bens e uma "avultada" quantia em dinheiro.
Antes disso, também já a mulher de David Alcedo tinha sido vítima de um rapto, que acabou por não ter consequências de maior, porque, entretanto, furou um pneu do veículo dos raptores e ela conseguiu pôr-se em fuga. "Já se sabe como aquilo é. Cheirando-lhes a dinheiro, é um problema. Oficialmente, ainda não sabemos se o meu primo teve que pagar um resgate ou não para ser libertado. Ninguém quer falar sobre isso por medo de represálias. Mas quase que me apetece dizer que apenas não se sabe quanto é que teve que pagar", disse José Cardoso Barreto. Além de David Alcedo, no mesmo dia foram também raptados o filho deste comerciante, de 11 anos, e os sobrinhos, de 13 e 10, quando os quatro regressavam de um passeio de fim-de-semana pela barragem de Uribante-Caparo.
Pai e filho residem em S. Cristóbal, capital do Estado de Táchira, enquanto as outras duas crianças raptadas vivem em Espanha, com a mãe, tendo ido em Agosto passar férias na Venezuela.
"O pai do David [também português e natural de Vilar das Almas, Ponte de Lima, mas emigrado na Venezuela há 48 anos] tinha decidido reunir a família para o baptizado de um neto e comunhão de outro, mas a festa acabou nisto", lamentou José Cardoso Barreto.
Entretanto, a 24 de Agosto a Guarda Nacional (polícia militar) venezuelana resgatou, com vida, as três crianças, que foram abandonadas pelos raptores na margem de um rio, no vizinho Estado de Apure, poucos minutos antes da chegada daquela força policial.
A notícia do rapto deixou em estado de choque a pacata freguesia de Vilar das Almas, em Ponte de Lima, onde vivem cerca de 700 pessoas, das quais "entre 40 e 50" têm laços de sangue com aquela família.
"Além disso, esta é uma freguesia onde toda a gente se conhece, pelo que a notícia acabou por nos chocar a todos", disse Carlos Moreira, presidente da Junta de Vilar das Almas.
Depois da "grande alegria" resultante da libertação das crianças, hoje os familiares de David Alcedo puderam finalmente respirar de alívio. E vão, também, poder dar descanso aos telemóveis, que durante este tempo todo praticamente não pararam de tocar, "à procura" de uma notícia que demorou 77 dias a chegar.

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