Nasceram surdos hoje são jovens perfeitamente normais

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Elias Manuel Simões Cruz e Luz Marina Revilla Gonzalez Cruz, são conhecidos em Cantanhede por Elias e Luz são pais de três filhos que nasceram, todos eles, com surdez profunda bilateral.  Depois de vários exames genéticos descobrem que todos os filhos que tivessem seriam portadores desta deficiência que é de origem congénita. Quando recebem esta notícia Luz já estava grávida do terceiro filho.  Sem nunca hesitar e sem perder a coragem este casal enfrentou todas as adversidades da vida e foi, na primeira pessoa, que revelaram ao “Emigrante/Mundo Português” o que se deve fazer para ultrapassar esta barreira do som…
Luz é venezuelana, natural de Acarigua no Estado de Portuguesa e Elias, potuguês, natural de Febres, no Concelho de Cantanhede.
Com 18 anos, Elias deixa a escola em Portugal e vai para a Venezuela para a cidade de Caracas onde começa a trabalhar na padaria de um familiar onde fazia um pouco de tudo, até pão…  Um ano depois de ter chegado às terras de Simón Bolivar muda-se para Barquisimeto onde assenta arraiais durante quatro anos a trabalhar num restaurante típico do país.
Mas é em San Rafael de Onoto onde monta uma padaria e onde conhece Luz a sua mulher e mãe dos seus filhos.
Conhecem-se e casam-se passado três anos.  O primeiro filho o Manuel Elias, um acarigueño vai com os pais para Barquisimento, para Cabudare.
Aqui abre uma padaria, em sociedade com um seu irmão, negócio que mantém até regressar definitivamente a Portugal

O primeiro contacto com a deficiência auditiva

Manuel já tinha um ano de idade e ainda não falava e Luz e Elias perceberam que algo de errado se estava a passar.  Foram a uma clínica especializada em Otorrinolaringologia em Caracas onde foi diagnosticada uma surdez profunda bilateral.
No ano seguinte vêm de férias a Portugal e vão a uma consulta ao antigo Hospital, em Bencanta, onde só existia um pavilhão destinado a tratar destas doenças dos ouvidos e onde conhecem o Dr. Manuel Rodrigues e o Dr Fernando Rodrigues, seu irmão.
De férias em Febres de onde é natural, Elias, através do seu médico de família, Dr Fernando Santos, ainda da família do Dr Fernando Rodrigues, é aconselhado a levar o menino a uma consulta e aqui começa a história.
Vão ao médico, o pequeno Manuel fez os exames de diagnóstico e confirma-se a versão do médico da Venezuela que não conseguiu resolver esta deficiência auditiva.  Depois de feitos todos os exames necessários, a opção do implante foi logo aceite pelos pais.
Manuel foi a terceira criança a ser sujeita a implante da cóclea em Portugal.
A reabilitação do Manuel dura o tempo da gravidez da sua irmã Eliana que nasce quando ele tinha quase quatro anos de idade.
Quando a irmã nasceu tiveram que ir para a Venezuela porque a mãe dos meninos, Luz, tinha um visto que tinha terminado.
Manuel fez terapia já no seu país de nascença e aí começa a falar.  “Que alegria!”, confessa Luz.
Eliana, a segunda filha, era muito viva o que dava aos pais a esperança de que a menina não tivesse a mesma deficiência do irmão. Seria puro engano pois também a menina sofria de surdez profunda

Detectada surdez profunda bilateral no segundo filho

Vêm de propósito a Portugal e, com oito meses, Eliana fez o diagnóstico que revelou surdez profunda bilateral.  Luz confessa que foi um choque brutal, “parece que tudo parou naquele momento.  Porquê?  Porquê também a Eliana?  Mas não desanimei.  Não me deixei ir abaixo.”
Fica em lista de espera para o implante e regressam à Venezuela.  Assim que surge a vaga tão esperada vêm para Portugal outra vez e a menina recebe o implante.
Luz fica a fazer a reabilitação de Eliana e quando a pequenina ainda não tinha dois anos Luz fica grávida do terceiro.
Exames feitos na Venezuela tinham comprovado que a surdez era de ordem congénita o que significava que todos os filhos que tivessem teriam obrigatoriamente esta deficiência.  Quando recebe esta notícia, Luz já estava grávida do terceiro e quis ter o último filho.  “Arrisquei e não me arrependo.”
O José ainda nasce na Venezuela mas quando Luz volta para a cirurgia do implante da Eliana já não regressa mais.  Fica por cá.
As reabilitações dos mais novos, da Eliana e do José foram mais rápidas porque receberam o implante coclear dentro do tempo em que deve ser feito, ou seja, na fase pré-lingual, pré-locatória que quer dizer antes de começarem a falar.
Elias vem para Portugal em 2001 e não volta mais à Venezuela mas entretanto e durante seis anos andou sempre para cima e para baixo.  Dois meses lá dois meses cá até que decide largar o negócio que fica a cargo do seu irmão.
Aqui, na cidade de Cantanhede monta uma padaria e pastelaria com fabrico próprio, num espaço situado junto à estação dos comboios e onde aconselhamos vivamente a quem por lá passar, a não deixar de exprimentar o delicioso pão que aqui se fabrica..

«Bem está o que bem acaba»

“Os pais que não hesitem assim que têm alguma dúvida em relação aos filhos.  Que não hesitem, porque valeu a pena tudo o que foi feito por Manuel, Eliana e José.”  Conhecemos estas três crianças que, com grande simpatia falaram connosco e nos contaram como era o seu quotidiano que nada tem de diferente de qualquer criança com as suas idades.
Manuel faz dezassete anos no dia 25 de Maio e está a fazer o 10º ano do secundário.  Eliana fez treze no dia 15 de Novembro e está no 6º ano, e o José faz 11 anos de idade no dia 9 de Agosto e está no 5º ano.  Todos frequentam a escola normal como todos os meninos que nunca tiveram deficiência de espécie alguma.  No meio da conversa revelem-nos quais são os seus hobbies preferidos:  Manuel, como grande parte dos meninos da sua idade gosta de jogos de computador;  Eliana joga computador e palystation e gosta de ouvir música; e José gosta de computador, futebol, palystation, game boy e basquetebol em cuja modalidade já entra em torneios.
A viver em Cantanhede, a cidade onde Elias nasceu, “Temos tudo o que precisamos.  Até já temos um hospital novo, que acaba de abrir, e também optimas escolas.” 

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