A região espanhola da Galiza quer fazer parte da Lusofonia e participar nos acordos sobre a língua portuguesa, através de uma academia que será formalizada no próximo ano. O anúncio foi feito no dia 6 deste mês, em Bragança, durante o encerramento do VI Congresso da Lusofonia, por um dos promotores da iniciativa, Ângelo Cristóvão, secretário da Associação Amizade Portugal/Galiza. A associação está envolvida no projecto de criação da Academia Galega da Língua Portuguesa.
O tema do Congresso da Lusofonia foi a variante brasileira da língua portuguesa, e na sessão de encerramento o linguista Malaca Casteleiro defendeu que “também o galego é uma variante do português e como tal deve se trazido para o espaço da lusofonia”. Este é o propósito dos promotores da Academia Galega da Língua Portuguesa que pretende fazer-se representar através deste novo organismo, como disse à Lusa o galego Ângelo Cristovão.
O responsável lembrou que a Galiza já participou como convidada na discussão dos acordos ortográficos em 1986 e 1990, mas não de uma forma institucional. O objectivo é agora dar continuidade a este trabalho participando como observadores ou mesmo como representantes no Instituto Internacional de Língua Portuguesa e outros organismos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Ângelo Cristóvão sublinhou que apesar de nunca poder participar em reuniões oficiais dos governos, por não ser um Estado, a Galiza quer dar mais um passo para que o galego seja reconhecido também em Espanha como uma língua de padrão português. Segundo disse, a Academia Galega da Língua Portuguesa deverá ser oficializada no próximo ano e será constituída por 35 académicos, entre os quais pretende ver também alguns portugueses. Ângelo Cristóvão lembrou que 80 por cento dos dois milhões de habitantes da Galiza falam o galego, que especialistas defendem ter a mesmo origem do português.
Nas relações entre Portugal e Espanha, o académico português Malaca Casteleiro defendeu que a língua portuguesa pode ser a solução para o diferendo com quase dois séculos entre os dois países pela disputa do território de Olivença. Malaca Casteleiro está convencido de que “politicamente Portugal não conseguirá trazer Olivença para o lado de cá e deve reconhecer a situação de facto de que está sob o domínio espanhol”. “Portugal devia era defender que tivessem dupla nacionalidade e disponibilizar o ensino da língua portuguesa no território”, defendeu. “É quase impossível continuar a batalhar por Olivença do ponto de vista político, mas é possível do ponto de vista cultural e da língua”, sustentou.
No congresso foi ainda entregue o primeiro prémio da Lusofonia, no valor de 1500 euros, instituído pela Câmara de Bragança, que apoia o evento. Entre 93 trabalhos oriundos de Portugal, Brasil, Canadá e Espanha, o vencedor foi Pedro Baptista, de 39 anos, de Coimbra, com um trabalho de poesia. O congresso de 2008 será virado para África, com o tema central em torno da língua portuguesa e os crioulos.
Galiza quer integrar lusofonia
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