Conhecer a “nova realidade” açoriana

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Cavaco Silva visitou as ilhas Terceira, do Pico, do Faial e de São Miguel ao longo de cinco dias. Com esta sua visita aos Açores, o Presidente da República pretendia conhecer a “nova realidade” do arquipélago e o “esforço feito por todos os açorianos” na melhoria das suas condições de vida.
Cavaco Silva aterrou na Base Aérea das Lajes para uma deslocação às ilhas Terceira, Pico, Faial e São Miguel. Depois de saudar a população insular e os órgãos de Governo da região, o Chefe de Estado adi-antou que pretende visitar, noutra ocasião, as restantes cinco ilhas. “Esta visita coincide com os 50 anos do início da erupção dos Capelinhos, que marcou de forma especial as gentes deste arquipélago”, disse Cavaco Silva, destacando ainda a realização nos Açores da sua jornada do Roteiro da Ciência, dedicada às ciências do Mar. “Seria difícil encontrar local mais propício para realçar o trabalho dos nossos investigadores” nesta área, salientou. Além disso, o Presidente da República enalteceu a autonomia regional, que se desenvolve no âmbito de um “projecto que se chama Portugal”.

Almoço com os autarcas

O Presidente da República considerou “muito útil” um encontro que manteve com os presidentes das dezanove câmaras municipais dos Açores e que lhe permitiu co-nhecer as diferentes realidades de cada uma das nove ilhas do arquipélago. “Devo dizer que aprendi, porque as realidades das nove ilhas são muito diferentes e cada uma apresenta os seus próprios problemas”, declarou Cavaco Silva. O Presidente da República considerou ter sido um encontro com “espírito positivo”, que serviu para todos os “autarcas falarem sobre o que têm feito”. “Houve uma vontade expressa de cooperação a todos os níveis” entre as câmaras municipais e os Governos Regional e da República, disse Cavaco Silva.
O almoço decorreu depois de o Chefe de Estado ter visitado o Museu de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Durante a tarde desse dia, Cavaco Silva, acompa-nhado pelas autoridades regionais, pas-seou a pé pelo centro da cidade de Angra do Heroísmo, que é Património Mundial e ouviu uma actuação da Lira Açoriana.
Cavaco Silva justificou a escolha dos Açores para a sua primeira visita como Pre-sidente da República a uma região autónoma com o facto de a Madeira ter saído, recentemente, de eleições regionais. “Entendi que não devia visitar a Madeira logo a seguir a este acto eleitoral”, disse o Presidente da República, ao lembrar que as eleições regionais nos Açores só vão decorrer em 2008. Mas, segundo adiantou, a “razão substancial” para esta visita aos Açores são as comemorações dos 50 anos da erupção do vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, um acontecimento que “marcou tão profundamente as gentes dos Açores”. “Eu recordo-me perfeitamente, mais jovem, da impressão que me causou aqueles fumos a subirem e os incandescentes a projectarem-se no céu”, disse o Presidente da República.

Encontro com Carlos César

Em encontro entre ambos, o chefe do executivo açoriano, Carlos César, solicitou ao Presidente da República que influencie a classe política nacional para apoiar a autonomia regional dos Açores. “Pedi ao senhor Presidente da República que exercesse uma influência activa junto dos políticos nacionais e da opinião pública e publicada no sentido de mobilizar a sociedade política portuguesa para o apoio às autonomias regionais”, afirmou Carlos César. O presidente do Governo Regional dos Açores considerou “fundamental” que os portugueses no seu conjunto, e em particular os políticos com mais responsabilidades, considerem a autonomia dos Açores e da Madeira como um “ganho” para o país e um “factor de estruturação do Estado Democrático”. Segundo Carlos César, os Açores dão dimensão geopolítica e estratégica a Portugal, país que seria “muito mais pe-queno se não tivesse regiões como esta”.
O encontro com o Chefe de Estado serviu, também, para Carlos César abordar a alteração em curso do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, na sequência da revisão constitucional de 2004, que alargou as competências das regiões autónomas. Nesta matéria, o presidente do Governo Regional salientou que espera que a revisão do Estatuto “possa ser um elemento clarificador no sentido de se pacificar e de se fazer uma pausa na polémica constitucional à volta das autonomias”. “Nós precisamos, com clareza, de conhecer as nossas competências e as dos órgãos da República para que cada um possa fazer o melhor dentro do seu núcleo de competências”, defendeu. Para Carlos César, o Tribunal Constitucional tem, de “forma insistente, introduzido alguma opacidade após cada revisão constitucional, recolocando problemas e reinterpretando matérias” que a região considerava esclarecidas.

Património Mundial

O Presidente da República aproveitou a visita aos Açores para percorrer a paisa-gem da cultura da vinha da ilha do Pico, classificada como Património Mundial.
Cavaco Silva aterrou no aeroporto da ilha do Pico e deslocou-se ao núcleo do Lajido de Santa Luzia, onde visitou um alambique e um armazém que servia para guardar frutos em fermentação para serem transformados em aguardente.
Acompanhado por Maria Cavaco Silva e pelas autoridades regionais, o Chefe de Estado contactou com diversas pessoas e ficou a conhecer um antigo solar que está a ser recuperado para ser um centro de interpretação da cultura da vinha e que deverá entrar em funcionamento no próximo Verão.
Numa ilha com tradições vitivinícolas que remontam ao povoamento, o Pico tem, desde 2004, a paisagem da vinha classificada pela UNESCO como Património Mundial, com uma área total de 987 hec-tares. Implantada em campos de lava, essa paisagem inclui vinhedos divididos por muros de pedra basáltica (currais), adegas típicas da região e algumas espécies raras de fauna e flora na Europa, como o morcego diurno. A zona é composta por uma combinação de arquitectura tradicional, desenho da paisagem e elementos naturais.
Pela sua elevada qualidade, o vinho ‘verdelho’ produzido no Pico, ilha com cerca de 15 mil habitantes, chegou a ser servido aos czares da Rússia e nas mesas do Vaticano.

Vulcão dos Capelinhos

Cavaco Silva fez questão de visitar o vulcão dos Capelinhos, sobrevoando-o num helicóptero da Força Aérea. Ao longo do voo, o Presidente da República, munido de mapas da ilha do Faial, ouviu as explicações científicas do investigador da Universidade dos Açores, Victor Hugo Forjaz, sobre o Vulcão. O chefe de Estado participou ainda numa sessão solene comemorativa dos 50 anos da erupção vulcânica dos Capelinhos, erupção que durou cerca de 13 meses e obrigou cerca de metade dos 30 mil habitantes à época a emigrar para os Estados Unidos, ao abrigo de legis-lação especial.
A ilha do Faial vai dispor, em Maio de 2008, de um centro de interpretação do vulcão dos Capelinhos, uma obra que o Presi-dente da República considerou importante para preservar a memória do fenómeno que atingiu a ilha açoriana. Esta inovação, que representa um investimento de cerca de seis milhões de euros, “impressionou-me verdadeiramente”, salientou Cavaco Silva. O Chefe de Estado salientou que o centro, que está a ser construído junto ao vulcão, vai ser importante “para as gerações futuras” saberem que o fenómeno natural aconteceu e que mudou a vida de muitos açorianos.

Roteiro da Ciência

O Presidente da República cumpriu nos Açores a terceira jornada do Roteiro da Ciência, dedicada às Ciências e Tecnologias do Mar, com uma visita ao Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade do arquipélago.
No âmbito da visita oficial aos Açores, Cavaco Silva teve oportunidade de se inteirar das actividades e instalações do departamento da Universidade do arquipélago, localizado na ilha do Faial e que se dedica prioritariamente à investigação marinha. Um dos projectos do DOP é o centro de interpretação virtual, que permite a qualquer pessoa explorar a actividade marinha nos mares do arquipélago, a partir do seu computador. Numa viagem criada pelo DOP, os viajantes podem escolher entre um mergulho nas grutas marinhas, nas áreas costeiras ou no oceano profundo e são eles quem dirige um submarino ao longo da expedição virtual.
Esta jornada do Roteiro da Ciência incluiu ainda uma visita ao navio oceanográfico da Marinha, o “Gago Coutinho”, onde o Chefe do Estado conheceu o trabalho deste navio e do “D. Carlos I” para cartografar o fundo marinho português, no âmbito dos estudos para extensão da Plataforma Continental das 200 para as 350 milhas.

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