O museu Reina Sofia, em Madrid abriu portas à maior retrospectiva de sempre de Paula Rego, que pode ser vista até 30 de Dezembro. O catálogo da exposição sudivide a obra da pintora portuguesa em quatro grandes momentos – entre 1953/66, 1981/93, 1993/2000, e de 2000 até 2006.
São várias dezenas de trabalhos, alguns dos quais nunca antes mostrados, como da fase inicial da sua carreira, ou o «Regicida», de 1965, de que a própria Paula Rego "andava desencontrada" há anos, por desconhecer o seu paradeiro. "A exposição abre com os quadros que fiz na Slade (School). Dois já foram mostrados no CCB, mas nunca foram tantos. Depois vem aquele momento do «Salazar a Vomitar a Pátria» (1960), que é a pintura mais Expressionista, e só depois vêm as colagens", revelou Paula Rego em entrevista à Agência Lusa.
A seguir às colagens, veio um prolongado espaço em branco. "Há uma grande época de que não mostro nada, porque tenho vergonha do que fiz. Não presta. (…). Foi só mais tarde que consegui reanimar", contou ainda. Foi uma terapia de inspiração jungiana que reanimou em Paula Rego o gosto pelas histórias. Desse período, data o interesse pelos contos tradicionais portugueses.
Nos anos 80, a morte do marido, o pintor Vic Willing, com quem diz ter aprendido tudo, marcou a pintura de Paula Rego.
Nessa altura, dá-se também o encontro com a galeria inglesa Malborough, que resolveu à pintora portuguesa muitos dos seus problemas e fez dela uma das mais reputadas pintoras vivas. Falar da obra da pintora é indissociável de falar do seu percurso, das suas escolhas, das figuras que compõem o seu imaginário. Figuras que, às vezes, são de carne e osso, outras não, e que interagem, sem qualquer diferença no estatuto. Os bonecos dominam os quadros dos últimos anos. É com eles, referiu à Lusa, que termina a retrospectiva de Madrid.
