O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, avisou o primeiro-ministro de que o “discurso dos sacrifícios já não pega” e exigiu medidas para travar o desemprego e o endividamento das famílias. É tempo de o primeiro-ministro perceber que já não pega quando apela aos sacrifícios e à compreensão de todos os portugueses, enquanto permite que um punhado de nababos amassem fortunas colossais”, afirmou Jerónimo de Sousa«
O líder do PCP falava no dia 9 deste mês, no discurso de encerramento da Festa do Avante!, que marcou a “rentrée» política dos comunistas, na Quinta da Atalaia, Seixal. Perante milhares de militantes, Jerónimo de Sousa alertou que “o endividamento e o aumento dos juros se tornaram, este ano, um grave problema social” que exige medidas do Governo. “É preciso pôr um travão nos aumentos [das taxas de juro] e o Governo português não pode continuar a acompanhar as posições dos fundamentalistas do monetarismo”, defendeu.
Na opinião do PCP existe, entre o Presidente da República, Cavaco Silva, e o primeiro-ministro, José Sócrates, um “compromisso estratégico” para “prosseguirem o seu projecto comum contra as conquistas de Abril”.
Jerónimo de Sousa criticou o Governo pela “continuada insuficiência de meios de investigação” na criminalidade económica, considerando que “a chamada operação furacão corre o risco de se transformar numa `brisa suave´ para a banca”.
Apontando o combate ao desemprego e às alterações às leis laborais, nomeadamente para impôr “a flexisegurança à portuguesa para facilitar os despedimentos”, Jerónimo de Sousa anunciou uma campanha nacional que visa “denunciar a ofensiva do Governo contra os trabalhadores”. “Não permitiremos que o Governo atire a pedra e esconda a mão”, afirmou, acusando o executivo de recorrer “de modo crescente à ameaça e à intimidação” que são “conducentes a derivas anti-democráticas”.