O presidente da Associação Empresarial da Região de Viseu (AIRV), João Cotta, defendeu a ligação ferroviária entre Aveiro e Salamanca como “uma prioridade na coesão social e económica nacional”, que ultrapassa os limites do interesse regional. “Esta ligação, passando por Viseu, permite ligar Porto, Coimbra, Leiria, Aveiro e Viseu a Madrid em menos de três horas e daqui a toda a Europa, permitindo uma coordenação muito eficaz entre a ferrovia, as vias rodoviárias (auto-estradas) A1, A25 e A24 e o porto de Aveiro”, explicou o empresário. Na sua opinião, para que tal fosse possível, “seria necessário apenas o investimento em velocidade alta (até 250 quilómetros por hora) pois, por exemplo, a distância entre o Porto e Madrid e Salamanca é de 535 quilómetros”. João Rebelo Cotta considera que, desta forma, o porto de Aveiro ficaria “muito acessível à zona de Castilla e Leon” e, por outro lado, “a zona Norte e Centro de Portugal teriam acesso muito facilitado a esta região espanhola assim como à comunidade de Madrid” que, lembra, por si só “representa um mercado de cinco milhões de consumidores”. O empresário defende ainda que esta ligação entre Aveiro e Salamanca deverá destinar-se sobretudo ao transporte de mercadorias, servindo de complemento à A25 e dando resposta a “novas necessidades de gestão ambiental e energética”.
“Existe no eixo Aveiro – Viseu – Guarda um conjunto de empresas exportadoras que recorrem hoje apenas ao transporte rodoviário para escoar os seus produtos para Espanha e para a Europa e que com esta infra-estrutura veriam a sua competitividade reforçada”, justificou. Por tudo isto, João Cotta não hesitou em afirmar que “a Rede Ferroviária de Alta Velocidade, e mais concretamente a ligação de Viseu à Europa, tenderá a assumir-se como uma nova infra-estrutura de decisiva e crucial relevância para a coesão nacional e para o bom posicionamento da região de Viseu no contexto ibérico”. E lembrou que, nas Cimeiras Luso-Espanholas (realizadas em Novembro de 2003 e em Novembro de 2005) “foi reafirmado o interesse de Portugal e Espanha na concretização da ligação de Aveiro a Salamanca”. “A assumpção desta opção baseou-se na importância estratégica do porto de Aveiro e na necessidade de assegurar maior competitividade à actividade económica gerada na zona Centro e Norte de Portugal”, acrescentou.