Igreja do Bom Jesus de Matosinhos
No séc. XVI iniciou-se a construção deste notável imóvel de traça renascentista, que tem sido objecto de inúmeras alterações até à actualidade. Destacam-se, no séc. XVIII, as intervenções de Luís Pereira da Costa, famoso entalhador setecentista, a quem se devem as obras de remodelação e acrescento da capela-mor e as de Nicolau Nasoni para o restauro da igreja. A notável combinação de volumes, estruturas e pormenores compositivos acentuam o aspecto cenográfico da fachada principal, desenhada de forma a acentuar a horizontalidade da construção e as características barrocas ao gosto nasoniano. São de admirar as duas torres sineiras, o frontão quebrado, a porta principal decorada com medalhão, no qual se insere uma concha de vieira e os dois nichos laterais que contêm as estátuas de S. Pedro e S. Paulo. No espaço interior, dividido em três naves, destaca-se o imponente altar-mor de talha dourada, que integra na parte central um nicho com imagem de Cristo crucificado, atribuída aos séc. XII / XIII. Trata-se de uma escultura em madeira oca, com cerca de dois metros de altura e extremamente curiosa, dada a assimetria simbólica do olhar, já que o olho esquerdo se dirige para o Céu e o direito para a Terra, numa clara simbiose entre Deus e o Homem. A história da freguesia de Matosinhos entronca na do desaparecido Mosteiro de Bouças onde se venerou, durante séculos, a imagem do Bom Jesus de Bouças. No séc. XVI, face à ruína do mosteiro a imagem foi transferida para uma nova igreja que foi construída no lugar de Matosinhos. A sua construção iniciou-se em 1542 por iniciativa da Universidade de Coimbra a quem D. João III tinha concedido o padroado de Matosinhos. Para realizar esta obra foi inicialmente contratado João de Ruão, tendo a obra sido posteriormente completada por Tomé Velho. No séc. XVIII a crescente importância da devoção ao Senhor de Bouças, particularmente entre aqueles que demandavam as terras do Brasil, vai levar à realização de grandes obras de ampliação da primitiva igreja, que ficaram a cargo do arquitecto italiano Nicolau Nasoni.
Quinta de Santa Cruz do Bispo
A Quinta dos Bispos foi criada entre 1552 e 1572 pelo Bispo do Porto D. Rodrigo Pinheiro. O seu objectivo foi o de criar um local de repouso, divertimento e recreio para o bispo e seus sucessores. O bosque, o rio Leça, as ramadas, as múltiplas fontes, cascatas, ermidas, capelinhas e elementos escultóricos mandados erigir por ele, assim como a magnífica casa contribuíram significativamente para o sucesso do projecto. Durante os séculos seguintes os bispos do Porto aí encontraram um refúgio acolhedor. E, com eles, entraram na quinta alguns dos mais destacados homens de letras e artes dos seus tempos.
Eis alguns exemplos: D. Rodrigo da Cunha, Manuel Faria e Sousa, frei Bartolomeu dos Mártires ou frei Luís de Sousa. Entre 1741 e 1752 o famoso arquitecto italiano Nicolau Nasoni é responsável por uma série de intervenções na Quinta por encomenda do bispo D. José Fonseca e Évora. É assim que surge, entre outros elementos arquitectónicos, a belíssima entrada barroca voltada para o Largo da Igreja.
Infelizmente este é um dos poucos elementos que se pode contemplar uma vez que desde 1939, após várias décadas de abandono, pilhagem e destruição, este foi transformado em colónia penal, encontrando-se inacessível ao público.
A obra de Nasoni nesta quinta foi classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decº 129/77 de 29 de Setembro.