José Lima, que é paraplégico, vai ligar Viana do Castelo e Faro em cadeira de rodas, numa viagem que decorrerá de 1 a 21 de Agosto e que pretende ser um “grito de protesto” contra a “discriminação” dos deficientes em Portugal. “Falar de igualdade de oportunidades em Portugal é falar de uma grande treta. E é isso que eu quero denunciar com esta viagem”, disse à agência Lusa. Numa cadeira adaptada, José Lima prevê efectuar o percurso em 21 etapas, percorrendo entre 35 a 40 quilómetros por dia. Tendo já escrito a várias câmaras municipais pedindo ajuda para as pernoitas – frisa – “contam-se pelos dedos” as que já lhe responderam. “Não faz mal. Levo comigo um saco-cama e dormirei na rua, frente às câmaras que não me derem apoio”, garante. Com 52 anos, paraplégico desde 1997 e licenciado em electrónica industrial, diz que está desempregado há três anos e queixa-se que todas as portas se lhe fecham automaticamente quando se apresenta numa qualquer empresa em cadeira de rodas. José Lima diz que este é apenas um dos aspectos da “discriminação” de que os deficientes são alvo em Portugal. “Há mais, muitos mais. Como é que eu vou à cidade de Viana de autocarro? Entro como, se os veículos não estão adaptados? E se quiser viajar de comboio, à excepção do Alfa ou do Intercidades, como entro?”, questiona.
Mesmo com uma incapacidade física de 80 por cento, diz que não recebe qualquer pensão da Segurança Social, já que este organismo alega que ele não está incapacitado para o trabalho. Mesmo assim, e assumindo-se ser da raça “antes quebrar que torcer”, montou uma minigráfica em casa onde já editou os seus dois primeiros livros e outras obras assinadas por autores da região. “Sempre me dá para ganhar algum”, refere. Com gosto pela escrita, garante que já tem na gaveta material para, pelo menos, mais dois livros, sobre a volta a Portugal.