Santiago de Cacém, local de passagem dos Caminhos meridionais de Santiago de Compostela, acolhe uma exposição alusiva à peregrinação, que remonta ao século XI. «No caminho sob as estrelas», apresenta cerca de 120 peças, do século XIV ao século XXI, algumas nunca antes saídas de território galego. José António Falcão, do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, referiu à Lusa que a exposição pretende “mostrar a riqueza da simbologia e da iconografia à volta do culto de Santiago”.
Apesar de serem mais divulgados os caminhos a Norte do Rio Tejo, peregrinos vindos do Algarve, Baixo Alentejo, Extremadura espanhola e Andaluzia percorriam os “caminhos meridionais até chegarem a Santarém, ponto aglutinador de todos os caminhos, seguindo a partir daí uma rota comum”. Além destes, “muitos outros peregrinos vindos de partes distantes desembarcavam nos portos de Sevilha, Cádis e Huelva e depois seguiam de mula, cavalo, burro ou a pé até Santiago de Compostela, atravessando o Alentejo por este ter menos obstáculos geográficos do que a meseta ibérica e por ser mais seguro”, revelou José Falcão. O investigador afirmou existirem documentos que provam o peregrinar por aquelas paragens. “O caminho português não começaria em Lisboa, mas sim mais a Sul, nomeadamente ligando o «Promotorum Sacrum» [Promontório de Sagres], local de romagens antes da era cristã, e Santiago de Compostela”, explicou.
A exposição, que poderá ser vista na Igreja Matriz local de até 30 de Outubro.