Residente em Andorra há 16 anos, José Luís Carvalho quis desta forma partilhar a sua experiência de emigrante, dar a conhecer o principado e fazer um retrato da evolução da comunidade portuguesa naquele país.
“Neste livro falo sobre a história de Andorra, que é desconhecida em Portugal, faço uma introdução sobre os primeiros portugueses a emigrar para aqui, com relatos de alguns pioneiros, para vermos como era a emigração nesses tempos e a partir daí faço uma comparação com a comunidade actual”, disse o autor à agência Lusa.
A principal diferença entre o primeiro grande fluxo de emigrantes para Andorra, nos anos 80, e a nova emigração prende-se com a sua inserção na sociedade. De acordo com o autor, “no início, a comunidade portuguesa fechava-se em si própria, porque o regime da altura em Andorra obrigava a isso. O mesmo aconteceu em França, por exemplo”. “As coisas foram evoluindo e os emigrantes têm agora uma outra abertura na sociedade”, disse José Luís Carvalho, dando como exemplo a Constituição de 1993, que permitiu a abertura de associações. Existem actualmente nove associações portuguesas no principado, de âmbito desportivo e cultural, uma confraria e um clube de empresários.
Nos anos 80, os emigrantes caracterizam-se por serem “pessoas de meios rurais, pouco escolarizadas, que se dedicavam sobretudo à construção civil e onde o homem saía de Portugal à frente para arranjar condições para a restante família”, afirmou.
“Agora aparecem sobretudo casais jovens, sem filhos, que chegam com carro português, a maioria tem cá pessoas conhecidas e já vêm referenciados.
São também pessoas mais jovens, com outra visão e com mais escolaridade, o que também ajuda à sua integração”, acrescentou.
José Luís Carvalho garantiu ainda que não há emigrantes portugueses clandestinos ou em situação de exclusão social em Andorra. De acordo com o autor, residem actualmente em Andorra cerca de 12.800 portugueses, que se dedicam na sua maioria às áreas da construção civil, hotelaria e comércio. Disse ainda que continuam a chegar portugueses todos os dias ao principado. “O fluxo está sempre em aumento, apesar de ser muito controlado pelo governo porque o país é muito pequeno”, afirmou. Editado em português e andorrano, “para respeitar o calão do país e a língua materna” do autor, o livro «Portugueses em Andorra – Uma Visão Global» foi lançado em Andorra na presença do ministro da Cultura e Ensino Superior, Juli Minoves, do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, e do embaixador de Portugal em Andorra, Nuno de Bessa Lopes
O secretário de Estado das Comunidades esteve dois dias em Andorra, onde, além de assistir à apresentação do livro, teve reuniões com a coordenadora do ensino do português no principado, com o ministro da Cultura e Ensino Superior e com a ministra dos Negócios Estrangeiros, Meritsell Mateu.