Dezenas de pessoas sobem nesta altura as serras do Barroso em busca de ervas medicinais utilizadas para confeccionar os ancestrais chás e licores procurados por milhares de turistas que se deslocam a Montalegre. Foi com a sua mãe que o padre António Fontes, conhecido pela realização dos Congressos de Medicina Popular de Vilar de perdizes, aprendeu a distinguir as ervas e os tratamentos para que estas servem.É por esta altura, na época da floração, que o padre sobe às serras do Barroso para colher as “melhores” ervas que vai secar e transformar em chás que diz servirem para tratar “quase todo o tipo de doenças”. A natureza oferece no Barroso e, em alguns microclimas da região, como Vilar de Perdizes, uma “variedade enorme” de ervas medicinais, aromáticas ou condimentares. “Elas vêm sendo usadas pelas gentes mais idosas até aos nossos dias”, recordou o sacerdote à Agência Lusa, reconhecendo que anda quilómetros para apanhar, por exemplo, a betónica, uma erva que diz estar “em vias de extinção” e que é utilizado para tratamentos de asma. A carqueja é, para António Fontes, “o chá dos barrosões”, pois serve para resolver os problemas de digestão ou do sistema nervoso. “Há falta de melhor, é o chá para tudo e até é utilizado para os temperos na cozinha”, salientou. Junto ao hotel que abriu em Mourilhe, o padre Fontes plantou uma horta onde colhe alecrim usado nas feridas, a verbena que serve como anti-depressivo, o mil-folhas usado em tratamentos de emagrecimento, o lupo que ajuda a combater as insónias ou a salva-ananás utilizado para lavar os dentes. A antiga e pequena capela do hotel é o local preferido pelo padre Fontes para secar as suas plantas. Mas há até quem plante ervas, como a arruda, junto às entradas das casas para combater a “inveja” e o “mal olhado”. E, para que as ervas “tenham maior efeito”, algumas pessoas colocam-nas a secar na madrugada do dia 24 de Junho para que apanhem o orvalho da noite de São João e desta forma “fiquem mais abençoadas”.
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