A Câmara de Paredes de Coura prepara-se para avançar com a atribuição de um incentivo financeiro à natalidade de modo a travar a crescente regressão demográfica no concelho e o consequente envelhecimento da população.
O presidente da Câmara, António Pereira Júnior (PS), disse à Lusa que está a ser equacionada a atribuição do salário mínimo nacional aos casais a partir do nascimento do terceiro filho, durante os primeiros três anos de vida. “Esta é uma ideia que já acalentamos há muito, mas que só agora está a dar os primeiros passos, admitindo, se tudo correr bem, possa começar a ser implementada ainda este ano”, sublinhou o autarca.
Dados avançados à Agência Lusa pelo assessor do presidente da Câmara, Manuel Gonçalves, dão conta de que a população do concelho de Paredes de Coura era em 1990 de cerca de 13 mil pessoas, número que atingiu “o pico” em 1960, quando estavam registavam cerca de 14.600 habitantes. A partir daí, a população tem vindo a regredir, com 9.571 habitantes registados nos Censos de 2001, sendo actualmente apenas 9.370 os habitantes de Paredes de Coura. A drástica diminuição do número de crianças no concelho é atestada pelos alunos que frequentam o 1º ciclo do ensino básico, pois há dez anos eram cerca de 800 e no presente ano lectivo são pouco mais de 300.
Esta realidade levou a Câmara a encerrar todas as escolas do 1º ciclo nas 21 freguesias do concelho, a maioria das quais com um “reduzidíssimo” número de alunos, tendo concentrado aquele grau de ensino num edifício único, construído de raiz na sede do concelho. “É urgente tomar medidas para incentivar a natalidade, porque, por este andar, qualquer dia não haverá crianças no concelho”, lamentou Manuel Gonçalves.
Segundo este responsável, cada mulher do concelho tem, em média, 1,3 filhos, o que “está muito abaixo” da média de 2,1 considerada indispensável para a reposição da população. “O que se passa em Paredes de Coura é que as mulheres em idade fértil são cada vez menos e, mesmo as que podem dar à luz, ficam-se geralmente por um filho, no máximo dois, e isso não chega para repor a população”, explicou. Para tentar inverter esta tendência, a Câmara acaba de aprovar o seu Plano de Acção Social, que, além do incentivo financeiro à natalidade, preconiza várias outras medidas tendentes a fixar a população no concelho.
Uma delas é a adesão ao programa “Finicia”, que se traduzirá num protocolo de colaboração entre Câmara Municipal, IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento) e uma entidade bancária, criando “um bolo financeiro” para ajudar os jovens a criar as suas próprias empresas. Por outro lado, a Câmara aposta no reforço da rede de creches concelhias para que os pais não deixem de ter filhos por receio de serem obrigados a ficar em casa a tomar conta deles e por escassez de estruturas de acolhimento.
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