VENEZUELA: Jornalistas marcham por liberdade de expressão

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Centenas de jornalistas desfilaram pelas ruas de Caracas em defesa da liberdade de expressão e em protesto pelo encerramento da RCTV, o mais antigo canal de televisão do país, cuja licença, segundo o presidente Hugo Chávez, termina à meia noite de 27 de Maio e não será renovada.

Os profissionais da comunicação social exibiam uma faixa de pano, de fundo branco, com mil metros de comprimento, e a mensagem «Liberdade de Expressão, S.O.S» em dez idiomas diferentes, entre eles o português, intercalados com reproduções da bandeira venezuelana.

A faixa, que segundo os jornalistas é a maior da América Latina, tinha 1,20 metros de altura e pesava 180 quilos, tendo sido transportada por 220 trabalhadores, que partiram de Los Palos Grandes, a leste de Caracas, até às sedes da União Europeia (UE) e da Organização de Estados Americanos, em Las Mercedes, a sudeste da capital.

Na «caminhada» de três horas de duração, promovida pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP), participaram ainda milhares de outras pessoas, que gritavam «Liberdade, Liberdade, Liberdade» e «Não ao encerramento da RCTV».

Os jornalistas entregaram um documento na Organização de Estados Americanos (OEA) chamando a atenção para as suas preocupações em relação à liberdade de expressão no país, que dizem «está ameaçada».

Em declarações aos jornalistas, Gregório Salazar, secretário-geral do SNTP, ratificou o compromisso daquele organismo «na defesa da liberdade de expressão e da democracia em geral».

«No sindicato, há oito anos que denunciamos as agressões a jornalistas e à liberdade de expressão. Continuaremos a lutar, cada vez mais e com maior ênfase, contra a medida autoritária e injustificada do anunciado encerramento da RCTV».

Frisou ainda que «o povo venezuelano está a dar-se conta dos riscos que estão implícitos» na não renovação da licença daquela estação televisiva.

«Esta não é uma mensagem numa garrafa, é uma mensagem de alerta ao mundo», enfatizou.
 

A 28 de Dezembro de 2006, numa cerimónia na Academia Militar de Caracas, Hugo Chávez aconselhou os proprietários da RCTV – canal que disse ser «golpista»- a fazerem as malas e a desligarem os equipamentos, anunciando nessa altura que a concessão que expiraria a 28 de Maio não seria renovada.

O anúncio provocou reacções adversas, com o vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana e arcebispo de Coro, monsenhor Roberto Lückert, a classificar a medida como «de muito mau gosto, terrivelmente agressiva e muito violenta».

Mais recentemente, o senado chileno aprovou uma moção contra a decisão, ocasionando um impasse nas relações entre Hugo Chávez e Michelle Bachelet.

Uma missão do Partido Popular Europeu, integrando os eurodeputados portugueses Sérgio Marques (PSD) e Ribeiro e Castro (CDS-PP), deslocaram-se a Caracas, entre 16 e 19 de Maio, onde se reuniram com o director da RCTV, Marcel Granier, e representantes de partidos políticos opositores, para se inteirar sobre a não renovação da licença da RCTV.

O governo venezuelano não aceitou o pedido para se reunir com os parlamentares, que remeteram comentários para hoje, após o Parlamento Europeu aprovar, em Estrasburgo, um debate sobre o fim da licença, que poderá ter lugar quinta-feira.

Os proprietários da RCTV argumentam que cumpriram os requisitos legais e que, segundo a legislação vigente, estão autorizados a operar até 2027.

Segundo as televisões venezuelanas, a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos (Cidh) da Organização de Estados Americanos anunciou, recentemente, que processara o governo de Caracas por considerar «o Estado venezuelano responsável por violações dos Direitos Humanos, da liberdade de expressão, da integridade pessoal, garantias judiciais e protecção judicial de trabalhadores e jornalistas» da RCTV.

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