Punta Arenas tem muitas semelhanças com Ushuaia, cidade situada na Tierra del Fuego Argentina, e que, anteriormente, também visitei.
Traçado urbanístico caracterizado, fundamentalmente, por uma malha quadricular de ruas perpendiculares, dotadas de casa baixas, regra geral com um máximo de dois pisos, sendo ainda muitas delas em madeira, como nos primeiros tempos do respectivo povoamento, com uma importante praça central, por norma chamada Plaza de Armas, denominação esta que ainda é uma herança do tempo colonial, e que permanece em grande parte das ex-colónias de Espanha na América do Sul, são características comuns às duas cidades.
Em Punta Arenas, tal como sucedia em Ushuaia, as ruas, inclinadas na sua maioria, dirigem-se para o mar, Estreito de Magalhães na cidade Chilena, Canal Beagle na da Argentina.
Também Porvenir, capital da Província da Tierra del Fuego Chilena, cidade que será objecto de abordagem específica em próximas “NOTAS DE VIAGEM”, igualmente localizada no Estreito, mas no lado oposto ao de Punta Arenas, tem uma matriz urbanística com muitas afinidades em relação às cidades anteriormente referidas.
Porventura, será característico desta parte do Continente Americano, o que até tem alguma lógica.
Por exemplo, nas antigas colónias Portuguesas em África, também existia um denominador comum ao modo como as localidades se implantavam e desenvolviam no terreno.
Principalmente em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, em particular no interior destes agora Estados independentes, há múltiplos aglomerados populacionais em que a matriz urbanística que presidiu à sua implantação foi a mesma – uma larga e mais ou menos extensa avenida central, a igreja católica no topo, ou em local privilegiado, edifícios públicos situados em lugar de destaque, como. por exemplo, a Câmara Municipal e os CTT, e, excêntricas a este eixo central, as escolas, o hospital e o quartel militar.
Punta Arenas, que como escrevi no anterior artigo, se situa a 3.212 km de Santiago do Chile, tem cerca de 115.000 habitantes, e, sendo a capital da Região mais extensa do Chile, a de Magalhães e Antárctida, evidencia há já algum tempo um franco desenvolvimento, que se deve à exploração de petróleo, à criação de gado ovino, à pesca industrial, e, mais recentemente, a uma progressiva procura turística.
Por curiosidade, refiro que em termos turísticos, estive em Punta Arenas no pico da Época Alta, e, voltando a fazer a comparação com Ushuaia, as diferenças no que respeita à afluência de turistas e movimento na cidade foram enormes!
Punta Arenas foi e estava incomparavelmente muito mais calma, e logo acolhedora e hospitaleira, que Ushuaia.
Como acontece em toda a Patagónia Chilena, Punta Arenas tem sempre baixas temperaturas, ou seja frio no Inverno e frio no Verão.
Para se ter ideia das temperaturas, a média no Verão é 10,6o Celsius e no Inverno 2o Celsius.
A chuva também marca presença todos os meses do ano, com uma média anual na ordem dos 400mm, sendo Janeiro um dos meses mais chuvosos do ano (estive lá em finais de Janeiro, princípios de Fevereiro).
Perante este cenário, eu tive uma imensa sorte!
Vou recorrer a um ditado do Povo Cigano que diz que os Pais não gostam de ver bons princípios aos Filhos, isto é, no início das suas vidas não apreciam que lhes aconteçam só coisas boas.
Deve ter sido isso que me aconteceu – tive um mau início nesta minha ida até à Região de Magalhães e Antárctida… e depois usufrui de uma excelente estadia!
Eu conto o que se passou.
Quando cheguei ao Aeroporto Internacional Carlos Ibañez del Campo, situado a 21 km de Punta Arenas, proveniente de Santiago do Chile, depois de uma viagem algo longa, ninguém me esperava, isto é, eu contratara o transfer do aeroporto para o hotel, na cidade, mas este falhara!
Não foi a primeira vez que algo análogo me sucedeu (ter o transfer aeroporto/hotel contratado e pago, e ninguém à chegada estar à minha espera…), mas, não é propriamente agradável, aterrar no fim do Mundo, num aeroporto ainda relativamente longe da cidade destino e ficar sozinho e sem o apoio esperado…
Resolvi a dificuldade, e, posteriormente, ainda em Punta Arenas, fui reembolsado pela agência de viagens que deveria ter assegurado o transfer, mas falhara (…), e acabou por correr tudo muito bem!
Até quanto ao clima!
Numa região extremamente chuvosa, com um clima sempre variável, por norma frio e com céu nublado, muito ventosa, sendo os ventos, por vezes, demasiado agressivos e fortes, durante a meia dúzia de dias que por lá permaneci, apanhei quase sempre um tempo agradável.
Sol, ausência de frio e de chuva, vento, quando existia, suportável, e, apenas em duas ocasiões foi um bocado “chato”, mas, mesmo assim, até pela novidade, se encaixou bem…
Repito, no que respeitou ao clima, fui um sortudo!
Foi pois com um clima ameno, bem instalado num hotel bastante central, situado no cruzamento da Bories, a rua mais comercial e movimentada, e a Avenida Colón, a via mais larga e uma das mais compridas de Punta Arenas, dotada de duas faixas laterais e mais duas centrais, com muitas árvores, e que atravessa longitudinalmente toda a cidade, que passei uns dias deveras agradáveis na Região de Magalhães e Antárctida.
Até tive o privilégio de duas janelas do meu quarto ficarem quase “em cima” do Rio de Las Minas, que desce das montanhas, e, passando por toda a capital regional, corre em direcção ao Estreito de Magalhães.
Nas próximas “NOTAS DE VIAGEM”, continuarei pelo sul do Chile.
Rui Oliveira e Sousa
Agosto de 2006
Deixe um comentário