Noite de “olés” em Alvalade!
Depois de 45 minutos de aquecimento, Portugal embalou para uma goleada histórica frente à Bélgica que nada pode fazer para parar Cristiano Ronaldo, Quaresma e companhia. Depois de uma semana de polémica, que culminou com agressões aos jornalistas no aeroporto de Lisboa por parte da comitiva belga, os jogadores portugueses não facilitaram e aliaram a uma excelente exibição, quatro golos fantásticos. Ricardo Quaresma acabou por marcar o mais bonito da noite quando na entrada da grande área belga arrancou uma trivela que deixou o guarda-redes belga sem reacção.
Uma segunda parte de luxo permitiu à selecção portuguesa derrotar a Bélgica pela primeira vez em jogos oficiais, com direito a uma goleada por 4-0 no confronto do grupo A da fase de qualificação para o Euro 2008. O talento escondido durante a primeira parte irrompeu no relvado do Estádio José Alvalade nos segundos 45 minutos, tempo ainda assim suficiente para Nuno Gomes (53) Ronaldo (55 e 75) e Quaresma (68) construírem a maior goleada lusa na fase de apuramento.
Portugal juntou-se à Sérvia na terceira posição da “poule”, a um ponto da Finlândia e a três da líder Polónia (que tem mais um encontro disputado), arrumando quase em definitivo com as expectativas belgas de marcarem presença na fase final da competição.
Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma e João Moutinho formaram um trio de luxo na vitória de Portugal perante um Estádio de Alvalade a abarrotar e incansável no apoio aos jogadores portugueses. Nuno Gomes, apesar de ter sido presa fácil durante grande parte do jogo, teve o mérito de indicar o caminho da vitória, mas a fragilidade do adversário ajuda a explicar o resultado desnivelado e o primeiro sucesso luso ante a Bélgica em encontros oficiais, após três empates caseiros e três derrotas em solo belga.
Moutinho foi a grande novidade
O “onze” apresentado por Luiz Felipe Scolari não causou surpresa, com o seleccionador de a optar pelo jovem João Moutinho, de 20 anos, para desempenhar as importantes funções do lesionado Deco. Scolari também não surpreendeu na escolha do ponta-de-lança, preferindo o experiente Nuno Gomes a Hugo Almeida, o único avançado luso cuja estatura rivaliza com a dos jogadores belgas, municiado por Cristiano Ronaldo e Quaresma, que substituiu Simão Sabrosa (suspenso).
O guarda-redes Ricardo comandou um quarteto defensivo simplesmente fantástico composto por Miguel (direita), Ricardo Carvalho e Jorge Andrade (centro) e Paulo Ferreira (esquerda), enquanto Petit mandou no meio campo, muito apoiado por Mourinho e Tiago que iam tentando abrir espaços para no ataque os irrequietos e talentosos Cristiano Ronaldo e Quaresma e para o incansável Nuno Gomes.
O intervalo chegaria sem que Portugal conseguisse o golo mas tudo mudou a partir dos 53 minutos quando Nuno Gomes concluiu com êxito o passe precioso de João Moutinho, que voltou a revelar excelente entendimento com Cristiano Ronaldo. Nuno Gomes marcou assim o 27º tento internacional, superando Rui Costa e confirmando-se como o melhor marcador português no activo.
Cristiano Ronaldo sentenciou a partida dois minutos mais tarde, aos 55, ao empurrar sobre a linha um cruzamento “teleguiado” de Quaresma, que sobrevoou o desamparado Stijnen. Essa imagem de impotência ficou reforçada aos 68 minutos, quando Quaresma inventou um “chapéu”de fora da área, aumentando para 3-0, em mais um remate de “trivela” que ficará na história. O pesadelo do guarda-redes Stijnen teve epílogo infeliz aos 75 minutos, altura em que o guarda-redes deixou escapar de forma comprometedora o remate de longe de Ronaldo, que concretizou o 17º remate certeiro pela selecção, ultrapassando os históricos Peyroteo e Jordão.
Até ao apito final do árbitro grego Kyros Vassaras, Scolari ainda fez jogar Fernando Meira, Nani e Hugo Viana, para o lugar de Petit, Quaresma e Cristiano Ronaldo que saíram do campo sob o estrondoso aplauso de 47.000 delicados espectadores.
Imparável em casa
18 jogos seguidos sem perder em casa
Portugal somou face à Bélgica, o 18º encontro consecutivo sem perder em jogos de apuramento para Europeus e Mundiais, numa invencibilidade que caminha para uma década. Após o desaire sofrido com a Roménia a 10 de Outubro de 1998 (0-1, nas Antas), na corrida ao Europeu de 2000, Portugal não mais perdeu qualquer jogo de apuramento em casa, numa série iniciada a 26 de Março de 1999, com uma goleada ao Azerbaijão (7-0, em Guimarães). Ainda na fase de apuramento para a prova que se realizou na Holanda e na Bélgica, Portugal, liderado por Humberto Coelho, somou mais três triunfos, com 12 golos marcados e nem um único sofrido, com destaque para a goleada ao Liechtenstein (8-0, em Coimbra). Na campanha para o Mundial de 2002, sob o comando de António Oliveira, Portugal esteve melhor em reduto alheio, mas em casa também não perdeu: venceu tranquilamente Andorra, Chipre e Estónia e empatou com República da Irlanda (1-1) e Holanda (2-2). Já com Luiz Felipe Scolari, Portugal venceu todos os encontros caseiros realizados, entre os quais os seis na fase de apuramento para o Mundial da Alemanha 2006, com destaque para a goleada imposta à Rússia (7-1, em Alvalade). Por seu lado, a campanha rumo ao Euro 2008 começou com três triunfos (3-0 ao Azerbaijão, 3-0 ao Cazaquistão e 4-0 à Bélgica).
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