A partir de 1978, as celebrações do 10 de Junho passaram a incluir as comunidades portuguesas portuguesas espalhadas pelo mundo.
E a designação da data também mudou: passou a ser Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, “reflexo do reconhecimento do seu significado para o nosso país, da valorização da sua ligação ao país de origem e do contributo que podem dar enquanto presença portuguesa no estrangeiro e do papel que desempenham nas relações entre os povos”, como sublinha uma nota da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
A diáspora lusa dispersa pelo mundo é atualmente constituída por 5.315.824 pessoas, que residem maioritarimente em França, Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Suíça, Alemanha, Reino Unido, Venezuela, África do Sul e China (incluindo Macau e Hong Kong).
França, Brasil e Estados Unidos da América, foram os mais importantes destinos da emigração portuguesa do século XX. Países onde as numerosas e dispersas comunidades estão já na terceira geração. “Apesar da distância física e psicológica, reconhece ainda assim Portugal como uma parte importante da sua identidade”, sublinha a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP), que no âmbito das celebrações do 10 de Junho, dfivulgou dados sobre a presença portuguesa no mundo.
Portugueses que, em 2018, foram responsáveis pelo envio de 3.684.540.000 de euros em remessas para Portugal, valor que correspondeu, de acordo com os dados apurados pelo Banco de Portugal, a cerca de 1,8% do PIB português.
Há 694 políticos de origem portuguesa
Nas últimas décadas, o peso dos eleitos de origem portuguesa aumentou em vários países. No total, segundo dados da SECP, há 694 cidadãos portugueses e luso-descendentes a desempenharem funções politicamente relevantes, em 2019-2020.
França (373), Estados Unidos da América (154), Luxemburgo (26), Canadá (18), Suíça (14), Índia (13), África do Sul (10), Brasil (10), São Tomé e Príncipe (10), Alemanha (9) e Bélgica (9) são os países com maior número de luso-eleitos.
E há, curiosamente, 12 cidadãos nacionais a desempenhar cargos relevantes no mais pequeno Estado do mundo: o Vaticano.
Forte é também o movimento associativo de origem portuguesa, que está presente um pouco por todo o mundo, a apoiar e acompanhar as comunidades lusas.
Os números mais recentes da SECP indicam que existem 2.013 associações lusas: 1.146 na Europa, 513 na América do Norte e 244 na América do Sul (244), 57 em África, 30 na Oceânia e 23 na Ásia.
Em 2019, o movimento associativo foi apoiado pelo Governo português em 588.121,14 euros e em 2020, a perspetiva é de atribuição de apoios no valor de 627.080,82 euros.
Governo é responsável pelo ensino do português em 76 países
Sendo um elo fundamental de ligação às comunidades portuguesas no estrangeiro, a língua portuguesa é ensinada em 76 países através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, o instituto público responsável pela coordenação e articulação da política externa do Governo nas áreas da cooperação internacional e da promoção da língua e cultura portuguesas.
Compete a este instituto fomentar o Ensino Português no Estrangeiro (EPE), tanto como língua como língua não materna e estrangeira, nos curriculos e sistemas de ensino, designadamente em países com comunidades de língua portuguesa.
Em 2019 a rede do ensino de Português no estrangeiro abrangeu 1.477 escolas e 70.920 alunos apenas nos níveis de ensino pré-escolar, básico e secundário.
O Instituto Camões dinamiza ainda 51 cátedras e 51 leitorados, sendo responsável por 17 centros culturais e 82 centros de língua portuguesa. E assinou já 309 protocolos com instituições de ensino em 76 países.
A língua portuguesa também chega às comunidades portuguesas no âmbito do Plano de Incentivo à Leitura, que promove a leitura de autores de expressão portuguesa através do envio, por parte do Instituto Camões, de bibliotecas para os alunos do ensino básico e secundário da rede de Ensino Português no Estrangeiro.
Desde 2013, foram enviadas cerca de 1.500 bibliotecas, revela a SECP.
EUA com crescimento de 100% no ensino nos últimos dez anos
Entre os 76 países onde é ensinada a língua portuguesa, destacam-se a Espanha, com cerca de 55.000 alunos, envolvendo perto de 300 professores, e os Estados Unidos da América onde 18.627 estudantes aprendem português no ensino básico e secundário e 1.595 no ensino superior.
Nos EUA, onde se registou um crescimento de 100% no ensino do português nos últimos 10 anos, a rede é apoiada pelo Instituto Camões e dinamizada por 386 docentes (no básico e secundário) e 18 docentes (no ensino superior).
Outros países onde se destaca o EPE são França, atualmente com 13.337 alunos no ensino básico e secundário e 4.780 estudantes no ensino superior. Da responsabilidade do Instituto Camões, o ensino da língua portuguesa conta com 94 professores no ensino básico e secundário e o apoio a 15 docentes no ensino superior.
Na Suíça há atualmente 8.333 alunos no ensino básico e secundário, em contexto de língua de herança (comunidade lusodescendente), através da presença de 75 professores portugueses e na Venezuela 3.910 alunos no ensino básico e secundário e 1.032 estudantes no ensino superior aprendem português. Neste país da América do Sul, o ensino do português teve um “crescimento de 30% no número de alunos em 2019”, revela a SECP.
A África do Sul regista também um número significativo de alunos: são aproximadamente 2.500. A rede EPE naquele país é constituída por 19 horário dos ensinos básico e secundário, dois leitorados e três lugares de docência ao abrigo de protocolos de cooperação.
Ana Grácio Pinto