Nuno, Hélio e Vasco são três irmãos nascidos e criados no seio da fruticultura. Fundaram a Masilfrutas, em Fanadia, concelho de Caldas da Rainha, uma empresa centrada no profissionalismo, e na exportação
Em 2004 Nuno, Hélio e Vasco, três irmãos nascidos e criados no seio da fruticultura fundaram a Masilfrutas. O nome peculiar desta empresa (Masilfrutas) é uma combinação de MA (manos) o SIL de (Silva) e frutas. Esta repensou o negócio anteriormente da família, modernizou a exploração desde os terrenos aos sistemas armazenamento e conservação, investiu em novas tecnologias e apostou em novos mercados. Emprega diariamente 22 pessoas, fora os sazonais contratados para as colheitas.
Vários foram os investimentos na área de cultivo desde a sua fundação e atualmente abrange já cerca de 72 hectares de cultivo, dos quais 23 hectares são de pêra rocha e 49 hectares de maçãs, destacando-se a maça Royal Gala. Não menos relevantes são os investimentos realizados ao nível da capacidade e qualidade de armazenamento e embalamento dos produtos. A MF possui atualmente 1800 toneladas de capacidade de armazenamento (das quais 1500 toneladas são em atmosfera controlada). As linhas de embalamento anteriormente manuais, foram agora reforçadas com maquinaria automatizada que vem fazer face a uma crescente procura por produtos ensacados.
Os pomares que o MP visitou estavam no auge da campanha de colheita da pêra rocha, e o MP verificou a utilização de colheita automatizada, recorrendo a plataformas de colheita. Sendo uma das primeiras empresas com este tipo de maquinaria (o que ajuda em muito na apanha do fruto), a Masilfrutas não dispensa, no entanto, a mão-de-obra especializada.
A nossa conversa decorreu no moderno armazém e central fruteira em Fanadia a poucos quilómetros das Caldas da Rainha e Óbidos, com Liliana Ângelo (responsável do departamento de exportação) que tem a função de colocar nos mercados internacionais a maior parte daquilo que produzem.
Ao que nos é dado a saber, grande parte da vossa produção é exportada.
Antecipamos que este seja um bom ano de produção e que 80% seja exportado, direta e indirectamente. Temos a facilidade de ter um departamento de exportação que fala nas quatro principais línguas e isso torna tudo muito mais fácil, pois corta-se os intermediários. O nosso mercado maioritário é a exportação e não temos muita expressão no mercado nacional, a nível de grandes superfícies.
Qual o segredo, ou a técnica, de vender a maior parte ou grande parte da vossa produção, no exterior?
A nossa maior ajuda são as redes sociais e a publicidade direta (o ver o produto no local onde operam, é frequente nos contactarem porque viram determinado produto exposto), que se tornaram ultimamente no maior nosso maior aliado nas vendas. Por vezes basta uma mensagem pelo Whatsapp ou no Facebook (ou até no Skype) para concretizar uma venda. Para a Masilfrutas é uma ordem de encomenda e o cliente tem na hora a resposta que a sua encomenda está registada e será expedida. Estar presente nas redes sociais é uma proximidade muito grande com o cliente. Encurta-se o tempo.
Os mercados árabes são um dos nossos grandes mercados, especialmente os do norte de África, seguindo depois o Brasil e a Europa.
De registar que a Masilfrutas já esteve presente no SISAB-PORTUGAL, na Fruitlogistica – Berlim por diversas vezes e em variadas missões e fóruns com clientes estrangeiros e não obstante de estarmos perante uma empresa familiar, o seu objectivo é centrado na exportação e no profissionalismo. Dar a conhecer a nossa maçã ou a nossa pêra rocha junto de quem não conhece o produto é trilhar um caminho sinuoso, ter de explicar que a polpa tem granulado e que a pêra tem carepa (a carepa são aquelas manchas acastanhadas junto ao pedúnculo) mas que isso não é um defeito, nem lhe tira qualidades algumas, é uma característica do fruto.
Por exemplo, nos mercados como o Dubai, foi introduzida a pêra rocha, mas não se desenvolveu uma postura pedagógica sobre as características diferenciadoras do produto e que as mesmas em nada influenciam o gosto da pêra, por exemplo.
A Masilfrutas faz, com regularidade esse trabalho pedagógico, através de brochuras para os nossos novos clientes, explicando as mais-valias desta maçã ou desta pêra e as características que podem ser benéficas para a saúde e bem-estar, com o seu consumo regular.
Estamis na ‘pátria da pêra rocha’. É o microclima da região Oeste proporciona condições para a produção destas frutas?
Exactamente. A região Oeste é perfeita para estas (e outras) culturas. As pêras e maçãs desta região possuem qualidades organolépticas (falo de cor, sabor e aroma) excepcionais, apreciadas e reconhecidas mundialmente. As maçãs produzidas mais a norte da europa, em nada conseguem competir com o sabor, cor e aroma da nossa maçã do oeste.
A Masilfrutas tem toda a sua produção certificada?
Correcto, a produção da Masilfrutas assenta sobre as normas de Produção Integrada e GlobalGap, já na central de embalamento todos os procedimentos regem-se pelas directivas do BRC (norma de qualidade aceite em quase todo o mundo).
Para os leitores que ainda não conheçam, a Produção Integrada é um Sistema de protecção contra os inimigos das culturas, tomando em consideração as condições particulares do ambiente e da dinâmica das populações (das espécies em questão). Ou seja, este sistema traduz a reunião, na prática, de dois conceitos: a luta química e a luta biológica, de forma a proporcionar os melhores resultados em termos de qualidade da produção e preservação do ambiente. A adopção da produção integrada tem proporcionado benefícios muito significativos, como o aumento da confiança dos consumidores, diferenciação dos produtos (nomeadamente através do aumento dos níveis de qualidade), redução da severidade dos problemas fitossanitários, protecção dos recursos naturais para as futuras gerações por ser um sistema produtivo mais respeitador do Ambiente.
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