“A melhor região de vinhos? Se está a pensar em Bordeaux, Burgundy ou Napa Valley, talvez seja melhor pensar outra vez”. Começa assim o extenso artigo do ‘USA Today’ sobre os vinhos portugueses, intitulado «Portugal está a abanar o mundo dos vinhos» (‘Portugal is shaking up the wine world’). O diário norte-americano dá um grande destaque aos vinhos do Douro, referindo que ocuparam três dos quatro primeiros lugares na lista dos 100 melhores vinhos de 2014 da revista especializada ‘Wine Spectator’.
Logo a seguir, explica que vinhos da região do Douro conquistaram três dos quatro primeiros lugares no ranking dos 100 melhores vinhos de 2014, da revista especializada ‘Wine Spectator’, incluindo o primeiro lugar, conquistado pelo Dow’s 2011 Vintage Port, do grupo Symington.
No artigo publicado a 15 de dezembro, Paul Symington sublinha que a mais antiga região demarcada de vinhos do mundo “tem sido famosa por produzir extraordinários Portos durante mais de 300 anos e tem toda ela uma beleza única”, diz Paul Symington.
“Há muitos superlativos que podem ser aplicados ao Douro. Muitos de nós argumentam que é a mais bela área vitivinícola do mundo”, acrescenta o produtor do vinho que conquistou o primeiro lugar no ranking da ‘Wine Spectator’.
O jornalista do ‘USA Today’ escreve que apesar do Douro continuar a ser mais conhecido pelos seus Portos, os vinhos de mesa da região “também estão a gerar agitação no mundo dos vinhos”.
“Em terceiro lugar na lista da ‘Wine Spectator’ está o vinho tinto Chryseia, também produzido pela família Symington, em colaboração com o enólogo francês Bruno Prats. Em quarto lugar está outro tinto (produzido) mais acima do rio Douro: o Quinta do Vale Meão 2011, descrito pela ‘Wine Spectator’ como “um exuberante, sedutor tinto, preenchido por uma variedade de frutos escuros”, descreve Paul Ames.
O jornalista sublinha que os três vinhos são da produção de 2011, “um ano excecional para as vinhas que se erguem em socalcos nas margens do Douro”, mas esclarece que o sucesso dos vinhos do Douro não é recente e nem de curta duração.
Isto porque, a reputação internacional dos vinhos de mesa da região vinícola demarcada mais antiga do mundo – decretada pelo Marquês de Pombal em 1756 – iniciou-se na década de 1990, “quando os produtores começaram a afastar-se da secular dependência de vinho do Porto para transformar a qualidade dos seus tintos e brancos” e aperfeiçoaram os métodos de produção, sublinha o jornalista, que falou com vários produtores vitivinícolas da região.
Potencial dos vinhos de mesa
Métodos que trouxeram qualidade e permitiram aos viticultores utilizar os atributos únicos daquela região, na produção de vinhos de mesa, como referiu ao jornalista o produtor Mário Negreiros.
“É uma região vinícola da montanha. Tem micro-climas e micro-micro-climas. Na mesma vinha pode ter dois declives com características completamente diferentes”, diz o antigo jornalista que se tornou num produtor de vinhos tintos que ostentam o nome da família Negreiros, citado no artigo do norte americano ‘USA Today’.
O jornal assegura que o potencial dos vinhos do Douro nasce da qualidade dos solos e da proximidade com o rio, mas também é em parte explicado “pelo surgimento de uma nova geração de enólogos e especialistas em vinificação”.
Uma região “excepcionalmente bonita”
Rui Cunha, professor universitário e enólogo residente da Quinta da Boavista explica ao jornalista do ‘USA Today’ que “o Douro tem tudo”. “Tem história, tem um grande solo, tem variedades de uvas únicas, tem um clima fantástico. Tudo isso significa que podemos produzir vinhos muito distintos com grande qualidade”, avança.
Paul Ames não termina o artigo sem antes concluir que além das excelentes condições de vinificação, “a região é excepcionalmente bonita”.
“O movimento lento do rio Douro – cujo nome significa ‘de ouro’ em português – serpenteia através de colinas cobertas de vinhedos e pontilhadas com quintas senhoriais pintadas de branco, ou mansões construídas pelas antigas famílias produtoras de vinho”, escreve o jornalista, recordando ainda que o Douro foi classificado em 2011, a Unesco elevou o Alto Douro Vinhateiro a Património da Humanidade.
Ana Grácio Pinto
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